O nosso parceiro, o jornal Sul Informação, republicou hoje um artigo de 2012, em que se explica a razão da necessidade da água doce ir para o mar. A sua diretora, Elisabete Rodrigues, escreveu, a propósito, esta introdução. Também aqui, por terras de Odemira, há quem diga que é um desperdício quando vê a água da barragem de Santa Clara acabar no mar.
Há um comentário que é recorrente, sempre que tais imagens são publicadas, mostrando as ribeiras e rios a correr livremente: «Tanta água desperdiçada que vai parar ao mar».
Embora eu esteja convencida que, quem tais coisas pensa, diz e escreve não é leitor desta newsletter, não posso deixar de afirmar que essa é uma ideia errada.
Porque as ribeiras, os rios e o mar, onde acabam por desaguar, precisam – e muito! – desta água que corre e escorre livremente.
Ainda há dias perguntei a uma pessoa conhecida que estava a fazer o mesmo comentário do alegado desperdício e que sei ser apreciadora da boa sardinha assada: «Gostas de sardinhas? Olha que, se não chovesse este ano, haveria poucas ou nenhumas sardinhas».
O que é que uma coisa tem a ver com a outra? Muito! E, se não acreditam em mim, perguntem a um pescador artesanal.
É que, quando os rios correm para o mar, carregados de sedimentos, lamacentos, transportam também nutrientes fundamentais para que as algas, as ervas marinhas e os peixes possam alimentar-se, crescer, reproduzir-se, sobreviver.
E já nem falo sequer de outras coisas boas que só acontecem no litoral porque os rios correm para o mar (como a existência das nossas praias…).
A este propósito, aconselho a leitura de um artigo de Luís Azevedo Rodrigues, publicado aqui no Sul Informação já há 13 anos, em 2012, mas que se mantém super atual.